quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Assassinato da Família Imperial Romanov



Em 17 de julho de 1918, a família imperial Romanov, foi assassinada junto com mais seis pessoas que o serviam. Trancados em uma sala revestida de madeira, para evitar que as balas ricocheteassem, um pelotão de soldados acabou com a família de 5 filhos, a imperatriz e o último imperador da Rússia – Nicolau II.






(...) "Por volta da meia noite, Iurovski acordou a família imperial. Não sei se eles lhes disse porque os acordava e para onde eles deveriam ir. Confirmo que foi mesmo Iurovski quem entrou nos quartos onde estava a família imperial. Iurovski não me deu, nem a Konstantin Dobrinin, ordens para acordar os que estavam dormindo. Em aproximadamente uma hora, toda a família imperial, o médico, a empregada e dois serviçais se levantaram, lavaram o rosto e se vestiram. Antes de Iurovski ir acordar a família, dois membros da Comissão Extraordinária [Cheka] chegaram à casa Ipatiev: o primeiro, como soube depois, era Piotr Iermakov, e o outro alguém que eu não conhecia de nome ou sobrenome – alto, loiro, com um pequeno bigode, idade de 25 ou 26 anos. Por volta de 2 h da manhã, o czar, a czarina, as quatro filhas reais, a empregada, o médico, o cozinheiro e um lacaio saíram de seus quartos. O czar carregava o herdeiro nos braços. Sua majestade e as filhas usavam vestidos, sem casacos, com as cabeças descobertas. O soberano veio à frente com o herdeiro – e atrás dele a czarina, as filhas e outros. Iurovski, seu assistente e dois membros da Comissão Extraordinária que mencionei, os acompanharam. Eu também estava lá.
Nenhum dos membros da família imperial, na minha presença, fez qualquer pergunta. Não houve lágrimas, nem soluços tampouco. Tendo descido a escada da segunda entrada do salão para o térreo, entramos no pátio e de lá passamos por uma segunda entrada do salão para o térreo, entramos no pátio e de lá passamos por uma segunda porta (contando a partis dos portões) para o alojamento interno do térreo. Iurovski indicou o caminho. Eles foram levados para o quarto de esquina do andar térreo contíguo ao depósito lacrado. Iurovski ordenou que fossem trazidas cadeiras. Seu assistente trouxe 3 cadeiras. Uma foi dada à Sua Majestade, a czarina, a outra ao soberano e a terceira ao herdeiro. Sua majestade sentou-se junto à parede com janela, perto do pilar por trás do arco. Atrás dela ficaram, em pé, três filhas (conheço-as muito bem de vista, pois as via passeando quase todos os dias, mas realmente não as conheço pelo nome). O herdeiro e sua Majestade sentaram-se lado a lado, quase no centro da sala. Atrás da cadeira do herdeiro, o doutor Botkin, em pé. A empregada (não conheço pelo nome – uma mulher alta, ficou à esquerda da porta que dá para o depósito lacrado. Uma das filhas da família imperial (a quarta) postou-se de pé ao lado dela. Os dois serviçais ocuparam o canto esquerdo (a partir da entrada), junto à parede adjacente ao depósito.
A empregada segurava um travesseiro. As filhas também trouxeram pequenos travesseiros. Um dos pequenos travesseiros foi posto sobre o assento da cadeira de Sua Majestade, a czarina, e o outro sobre o assento da cadeira do herdeiro. Parecia que todos sabiam o que ia acontecer a eles, mas ninguém emitiu som algum. Simultaneamente, onze pessoas entraram na mesma sala. Iurovski, seu assistente, os dois membros da Comissão Extraordinária e sete soldados letões. Iurovski me mandou sair dizendo: 'Vá para a rua, veja se há alguém lá e se os tiros serão ouvidos.' Saí para o pátio fechado por uma cerca alta e ouvi o som de tiros antes de chegar à rua. Imediatamente, voltei à casa (só uns 2 ou 3 min haviam se passado) e, quando entrei na sala onde haviam ocorrido os tiros, vi todos os membros da família imperial – o czar, a czarina, as 4 filhas e o herdeiro – já caídos no chão com muitos ferimentos nos corpos. O sangue escorria em torrentes. O médico, a empregada e os serviçais também estavam mortos. Quando entrei na sala, o herdeiro ainda estava vivo – gemendo. Iurovski aproximou-se e atirou nele à queima roupa duas ou três vezes. O herdeiro ficou silencioso. A cena do assassinato, o cheiro e a vista do sangue deram-se vontade de vomitar. Antes do assassinato, Iurovski destribuiu revólveres Nagant a todos e me deu um, mas repito, não tomei parte no assassinato. Iurovski tinha uma Mauser, além de um Nagant.
Quando terminou o assassinato, Iurovski mandou-me buscar o destacamento para que fosse lavado o sangue da sala. (...) Trouxe de volta de 12 a 15 membros do destacamento (...) Os elementos que trouxe trataram primeiro de colocar os corpos dos mortos em um caminhão que havia sido trazido à entrada principal." (...)
– extraído da transcrição do depoimento do acusado, Pavel Medvedev, comandante da guarda na casa Ipatiev, 21-22 de fevereiro de 1919 –

(...) "O comandante, apressadamente, repetiu suas palavras e ordenou ao destacamento que se aprontasse. O destacamento recebera instruções antes sobre em quem atirar e ordens para apontar diretamente para o coração, a fim de evitar grande volume de sangue e acabar com eles mais rapidamente. Nicolau, mais uma vez virando-se para a família, nada mais disse; os outros soltaram algumas exclamações incoerentes; tudo isso durou alguns segundos. Começaram então os tiros; durante 2 ou 3 minutos. Nicolau foi morto no local pelo próprio comandante. Aleksandra morreu imediatamente depois disso e os outros Romanov (no total 12 pessoas foram mortas a tiros [na verdade foram 11 executadas]). Aleksei, três das irmãs, a dama de companhia e Botkin ainda estavam vivos. Tiveram que ser baleados novamente. Este fato surpreendeu o comandante, uma vez que haviam apontado para o coração. Era também surpreendente que as balas das pistolas tivessem ricocheteado em alguma coisa e saltado em volta da sala como se fossem granizo. Quando tentaram acabar com uma das moças usando baionetas, a baioneta não conseguiu perfurar o espartilho. Graças a tudo isso, todo o procedimento, incluindo a 'verificação' (tomada do pulso etc), levou cerca de 20 minutos. (...)
Por volta das 3 h da manhã, partimos para o local que Iermakov devia ter preparado (do outro lado da fábrica do Alto Isetsk). (...)
Descobrimos em seguida que Tatiana, Olga e Anastácia estavam usando um tipo de espartilho especial.. Foi resolvido despir os corpos, não ali, mas apenas no local do sepultamento. (...) Quando uma das moças estava sendo despida, notou-se que as balas haviam rasgado o espartilho em alguns lugares e diamantes podiam ser visto nos orifícios. (...) Aleksandra estava usando um cinto completo de pérolas, formado por várias voltas e costurado no tecido. Em volta do pescoço de cada moça, descobrimos, havia uma efígie de Rasputin com o texto de sua prece, costurado sob a forma de amuletos. Os diamantes foram imediatamente retirados. Eles (isto é, os objetos feitos de diamantes) pesavam cerca de 8 kg. Eles foram enterrados no porão de uma das pequenas casas da fábrica de Alapaevsk; em 1919, foram desenterrados e levados para Moscou." (...)
– nota de Iakov Iurovski sobre a execução da família imperial e o ocultamento dos cadáveres, 1920 –

(Origem: do livro 'A queda dos Romanov' – a história documentada do cativeiro e execução do último czar russo e sua família, de: Mark Steinberg e Vladimir Khrustalev)

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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