segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A Loucura dos reis – trilogia medieval

Os reis medievais ingleses eram homens de personalidades diferentes, criados na tradição cristã, com sua autoridade limitada pelas responsabilidades que o costume impunha e pelos juramentos que faziam quando eram coroados.

Houve quatro reis muito menos bem sucedidos, cujos reinados foram perturbados por guerra civil e terminaram em desastre:
  1. João Sem Terra
  2. Eduardo II
  3. Ricardo II
  4. Henrique IV

Dos quatro, os três últimos foram privados de seus tronos e assassinados. Ricardo II e Henrique IV ascenderam ao trono quando menores de idade. João e Eduardo II se tornaram reis quando eram jovens adultos. Todos tinham um problema de personalidade.

  • João foi qualificado de possuído e enlouquecido por feitiçaria e bruxaria.
  • Eduardo II considerado perverso e não louco.
  • Ricardo II um esquizofrênico.
  • Henrique IV sofreu um grave colapso nervoso entre 1454 e 1456.



João – visto como o pior dos reis medievais ingleses, tirânico, imoral e injusto. Seu reinado foi cheio de perturbações: crescente insatisfação entre os barões, hostilidade do grande príncipe francês, Filipe Augusto. Em seu reinado o papa colocou a Inglaterra sob interdição eclesiástica, proibindo todos os cultos e cerimônias religiosas até que João cedesse e lhe prestasse vassalagem. Um ato que muitos consideraram humilhante. Perdeu as insígnias reais e adoeceu gravemente, falecendo em 18 de outubro de 1216.

Sua personalidade deve ser compreendida à luz de sua ancestralidade e criação. Ele veio de uma longa linhagem de príncipes competentes, mas desequilibrados, os condes de Anjou. O pai de João, Henrique II, rei da Inglaterra e por meio de um casamento com Alienor da Aquitânia, duque de Aquitânia. A família angevina, os Plantagenetas, conhecidos como a "prole do demônio", conta uma lenda de um ancestral, conde de Anjou. Henrique II pai de João, um homem de grande competência e implacável determinação, agitado e dado a violentas explosões de raiva. Sua mãe Alienor de Aquitânia, uma mulher imperiosa e turbulenta. João foi o caçula, mimado preferia o luxo da corte às artes marciais, imaturo no comportamento e na aparência.A mãe o desprezava e o pai o protegia e as vezes o desamparava. Temperamental e egocêntrico, foi tanto vítima quanto o autor dos problemas que iriam finalmente esmagá-lo.

João Sem Terra, viveu numa era brutal, suavizada pela prece e pela santidade, mas marcada pela mutilação e banhada em sangue. Tinha ataque de fúria e sua crueldade excessiva, faziam pensar que era louco. A raiva lhe contorcia o semblante. Foi excessivamente cruel. O seu desequilíbrio mental, se revela de maneira mais convincente em seu senso de insegurança, que motivava o seu tratamento cruel e vingativo que dispensava aos inimigos e na inveja e desconfiança com quem tendia a tratar, tanto amigos quanto adversários. A inimizade de dois dos homens mais poderosos da época, Filipe Augusto da França e o papa Inocêncio III, acabou se confrontando com uma situação que escapava a seu controle. João foi mais azarado do que louco.



Eduardo II – neto de João Sem Terra, se tornou rei da Inglaterra em 1307. Seu reinado foi uma tragédia pessoal. Embora sua personalidade tivesse traços anormais e parecesse inadequada para um rei, Eduardo não foi louco. Como no caso de tantos outros príncipes, sua personalidade foi moldada por sua criação. Filho de Eduardo I, que o nomeou príncipe de Gales em 1301. Sua mãe, Eleonora de Castela morreu quando ele tinha 13 anos.

Se transformou num homem forte e bonito, apreciador da equitação e mais culto que a maioria dos grandes senhores da corte. Suas recreações pareciam cada vez menos as esperada de um cavaleiro, muito menos de um príncipe real:

  • passeios de barco
  • natação
  • ocupações servis, plantar e cavar

Ao que parece ele encontrava mais satisfação na companhia de jovens e robustos operários do que na de cavaleiros da corte. O que pareceu ainda mais inadequado e chocante foi a obsessiva afeição de Eduardo por um jovem fidalgo rural da corte, Gaveston. Por razões de conveniência, os dois casaram. Gaveston casou com a sobrinha do rei, Margaret de Clare e teve uma filha. Eduardo casou com a filha de 12 anos do rei da Franca, Isabel e tiveram 2 filhos e 2 filhas. Seu favorito foi morto e Eduardo nunca se esqueceu nem perdoou os condes que haviam acossado Gaveston até a morte. Sua afeição pelo favorito, a única constante de sua vida, condicionaria tudo o que aconteceria aos 15 anos que ainda lhe restavam. Dali em diante haveria "ódio perpétuo... entre o rei e os condes".

Sei reinado foi mais estável e mais forte nos últimos anos do que no começo. Recobrou seus poderes reais, através de Hugh Despenser e de seu filho. Decidiu consolidar sua posição reforçando o tesouro real por meio de medidas fiscais extorsivas e do confisco de propriedades de barões de lealdade duvidosa. O descontentamento era geral, o ressentimento crescente. Henrique e Despenser foram aprisionados. Hugh foi morto e provavelmente o rei tenha tido um assassinato brutal.

Eduardo II foi enterrado na abadia de St. Peter, em Gloucester, onde seu túmulo se tornou o centro de um pequeno culto. Seu coração foi removido, posto em uma urna de prata e enterrado com sua rainha na igreja franciscana de Newgate em Londres. Quando ela morreu 20 anos depois em 1358, ela foi enterrada com seu vestido de noiva.



Ricardo II – sucedeu seu avó Eduardo III em 1337. Seu reinado foi perturbado por guerras civis violentas e terminou com sua deposição e assassinato. Ele se tornou cada vez mais introspectivo e sua apreensão da realidade pareceu reduzir-se.

Tinha 11 anos quando se tornou rei. Seu avô, Eduardo III foi um grande príncipe guerreiro. Seu pai, o Príncipe Negro morrera um ano antes de sua acessão, tinha notável reputação como cavaleiro e soldado, mas Ricardo era um rapaz com interesses mais estéticos do que militares. Formou-se em sua mente uma concepção semimística do direito divino a que ele se aferrou até o fim. Era tão egocêntrico que chegava a ser narcisista. Em seus retratos parece bonito e elegante, com quase 1.80 m de altura e uma vasta cabeleira loira. Tomava banho regularmente, um hábito inusitado em seu tempo, e foi o «inventor do lenço de bolso». O rei mais culto de sua linhagem. Ardoroso e sensível, ardiloso e calculista; era propenso a ataques de irritação, mas era generoso com os amigos. Amava a mãe e tornou-se intensamente devotado à sua mulher, Ana da Boêmia. Havia um elemento bissexual em sua personalidade. Teve um amigo íntimo a quem concedeu grande poder.

Ricardo desapareceu nas sombras, recolhendo-se finalmente no castelo de Pontefract, onde seu carcereiro o matou de fome. Morreu antes de fevereiro de 1400 e foi levado para o sepultamento de honra em Westminster, tinha apenas 34 anos. Parece mais provável que tenha sofrido de uma depressão moderada ou aguda, que por vezes tocava as raias da insanidade maníaco-depressivo.


Origem: 'A Loucura dos Reis' de Vivian Green

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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