sábado, 6 de junho de 2009

D. Pedro II – imperador do Brasil

Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo, chamado 'O Magnânimo' (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 — Paris, 5 de dezembro de1891) foi o segundo e último Imperador do Brasil de fato. D. Pedro II foi o sétimo filho de Dom Pedro I e da arquiduquesa Dona Leopoldina de Áustria. Sucedeu ao seu pai, que abdicara em seu favor para retomar a coroa de Portugal, à qual renunciara em nome da filha mais velha, D. Maria da Glória. Pelo lado paterno, era sobrinho de Miguel I de Portugal, enquanto, pelo lado materno, sobrinho de Napoleão Bonaparte e primo dos imperadores Napoleão II da França, Francisco José I da Áustria e Maximiliano I do México. Sendo o irmão mais novo de D. Maria da Glória, também fora tio de D. Pedro V e D. Luís I, reis de Portugal.


Herdeiro do trono
Seu nascimento foi comemorado com festas durante três dias no Rio de Janeiro. Sendo o único filho homem do Imperador Dom Pedro I a sobreviver à infância, tornou-se o herdeiro da coroa imperial do Brasil, com o título de Príncipe Imperial. Mas tornou-se órfão de mãe com pouco mais de um ano de idade e na infância, o visconde de Barbacena o considerou um “menino magrinho e muito amarelo”, e que sofria constantemente de febres e ataques convulsivos. Do pai, recebeu carinho e afeto, revelando uma grande ternura pelo filho e dizia com orgulho: “Meu filho tem sobre mim a vantagem de ser brasileiro”. Verdadeiramente, o pequeno príncipe era antes um símbolo, por ser considerado “genuinamente brasileiro”.

Imperador do Brasil
No dia 7 de abril de 1831, o imperador Dom Pedro I abdicou de sua coroa e se viu forçado a partir para o estrangeiro para lutar pelo trono da filha mais velha, usurpado por seu irmão, o infante Dom Miguel. A partir de então, o príncipe Dom Pedro de Alcântara tornou-se Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Seu império se estenderia até 1889, quando foi deposto, totalizando 58 anos como monarca brasileiro (no entanto, é comum muitos acreditarem erroneamente que o seu império iniciou somente em 1840 com a antecipação da maioridade).

Ao tornar-se imperador, Dom Pedro possuía apenas cinco anos de idade e a Constituição previa a criação de uma regência até que atingisse os 18 anos para então assumir suas prerrogativas constitucionais. E enquanto o pai era tratado com hostilidade nos anos finais como imperador, Dom Pedro II foi aclamado por uma multidão, que deixara a criança aterrorizada com o barulho e as manifestações de alegria em seu favor. Para a população da época, a figura do pequeno órfão que deveria governá-la um dia lhes era simpática. Mas para Dom Pedro, deixado apenas com suas três irmãs no Brasil, era muito doloroso a falta que o pai lhe fazia, como bem demonstrou em uma de suas primeiras cartas escrita por si próprio:
Meu querido Pai e meu Senhor. Principiei a Vossa Majestade Imperial pela minha própria letra mas não pude acabar e entrei a chorar e tremer-me a mão e não pude acabar.

Meu querido Pai e meu Senhor Tenho tantas saudades de Vossa Majestade Imperial e tanta pena de não beijar a mão. Quando me levantei e não achei Vossa Majestade Imperial e a Mamãe para lhe beijar a mão...

Dom Pedro I, então conhecido como duque de Bragança, considerou a separação dos filhos terrível e em suas cartas sempre demonstrou a saudade que sentia, mas também aconselhou o pequeno imperador:
"É mui necessário, para que possas fazer a felicidade do Brasil, tua pátria de nascimento e minha de adoção, que tu te faças digno da nação sobre que imperas, pelos teus conhecimentos, maneiras etc., pois, meu adorado filho, o tempo em que se respeitavam os príncipes por serem príncipes unicamente acabou-se; no século em que estamos, em que os povos se acham assaz instruídos de seus direitos, é mister que os príncipes igualmente o estejam e conheçam que são homens, e não divindades."

Ficou sob os cuidados de dona Maria Carlota de Verna Magalhães, que depois se tornou condessa de Belmonte e que foi como uma segunda mãe e dirigiu-lhe a educação inicial e velou por sua frágil saúde. Dom Pedro chamava-lhe carinhosamente de “Dadama”. Para tutorar o pequeno monarca, Dom Pedro I assinou um decreto em que nomeava "tutor dos meus amados e prezados filhos ao muito probo, honrado e patriótico cidadão José Bonifácio de Andrada e Silva, meu verdadeiro amigo", conhecido pela alcunha de Patriarca da Independência e grande estadista brasileiro que permaneceu no cargo até o ano de 1834, quando foi destituído pela regência.



Educação
Ao tornar-se imperador com apenas cinco anos de idade, dom Pedro II se viu preso ao cargo de maior importância do país e por esta razão, seus tutores, principalmente o segundo, Manuel Inácio de Andrade, o marquês de Itanhaém, que substituiu José Bonifácio, decidiram dar ao jovem monarca uma educação excepcional. Todos os dias, inclusive aos domingos, Dom Pedro II acordava as seis e meia da manhã e tinha aulas de ciências naturais:

Astronomia,
Biologia,
Física,
Química,
Geografia,
línguas,
filosofia,
desenho,
caça,
aritmética,
dança,
música,
equitação e
esgrima








As duas últimas eram ensinadas por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias. Somente duas horas do dia eram reservadas para brincadeiras e só era possível visitar as irmãs após o almoço. Para brincar, Dom Pedro possuia um pequeno jardim, um tanque com água onde boiava um barquinho, além de um jogo de cavalinhos, um baralho e um teatrinho no pátio do Paço. Seus mestres o ensinaram a lidar com políticos e ministros de Estado, além de ter conhecimento da vida pública e principalmente governar o país. Desde pequeno aprendeu a conter suas manifestações espontâneas de raiva, decepção, alegria e a ter humildade. Em 1835, aos nove anos de idade, já lia e escrevia bem, assim como traduzia do inglês e do francês. Um ano depois já conhecia o mapa da Europa e da América, inclusive suas cidades e preparava-se para iniciar os estudos da carta do Oriente. E em 1837, aos onze anos de idade, começou a aprender latim e já realizava operações de matemática, frações, números complexos, etc..

Maioridade
O período regencial, início do reinado de Dom Pedro II, foi o período mais problemático na história do Brasil. Diversas rebeliões e tentativas de secessão ocorreram, e apesar do sucesso que o governo fora capaz de obter debelando-as, para muitos, inclusive para o povo brasileiro, a única forma de pôr fim definitivo ao caos e restaurar a ordem seria declarando dom Pedro II maior de idade antes do tempo. Não acreditavam que um rapaz de apenas catorze anos de idade pudesse obter sucesso onde os mais experientes governantes fracassaram, apesar de toda a educação que recebeu. Entretanto, Dom Pedro II era considerado um símbolo vivo da unidade do país. Essa posição lhe dava, diante da opinião pública, uma autoridade maior do que a de qualquer regente. Uma demonstração clara do desejo de tornar imperador maior de idade foi o surgimento de uma quadrinha popular cantada pela população da cidade do Rio de Janeiro nessa época:
Queremos Pedro II
Embora não tenha idade!
A Nação dispensa a lei
E viva a Maioridade!

O regente, Araújo Lima, se viu sem opção a não ser aceitar o império das circunstâncias e se dirigiu ao paço imperial, onde explicou a Dom Pedro a situação crítica pelo qual o país passava e perguntou quando desejaria tornar-se maior de idade. O jovem imperador teria respondido de forma direta e curta:“Quero já!” No entanto, tratava-se de uma invenção dos maioristas para tornar o ato simbólico e deixar claro aos brasileiros que o adolescente estava preparado para assumir o seu devido lugar. Dom Pedro de fato não proferiu tal frase, tão distante do seu caráter retraído e tímido. Limitou-se a pedir a opinião do regente e então aceitou a proposta. Posteriormente viria a negar diversas vezes ter dito a famosa frase e muito menos de ter sido partícipe do plano dos deputados maioristas. A decretação oficial da maioridade de monarca foi recebida com enorme alegria pelo povo brasileiro. Pela segunda vez (a primeira, quando seu pai abdicou), Dom Pedro foi aclamado por cerca de 8 mil pessoas que se reuniram no paço da cidade para saudá-lo. No dia de seu aniversário, em 2 de dezembro de 1840, alguns meses após ser declarado maior de idade, o evento ocorre sob grande manifestação popular, com direito a festas e cortejos. O mesmo ocorre no primeiro ano de aniversário da Maioridade. O imperador registrou em seu diário: “Quanto me custa um cortejo, como mói! Mas ele é sinal de gratidão de meus amados súditos. Devo recebê-lo com boa cara.

Casamento
D. Pedro II se casou por procuração em Nápoles a 30 de maio de 1843 e em pessoa no Rio de Janeiro a 4 de setembro de 1843 com Teresa Cristina Maria de Bourbon-Duas Sicílias, nascida em Nápoles em 14 de março de 1822 e morta em 28 de dezembro de 1889 no Porto, estando sepultada em Petrópolis, no Brasil, desde 1925. Era filha caçula de Francisco, Duque da Calábria, futuro Francisco I das Duas Sicílias (1777-1830) e de sua segunda esposa Maria Isabel de Bourbon, quinta filha de Carlos IV rei da Espanha e portanto irmã de Carlota Joaquina de Bourbon. D. Teresa Cristina trouxe um dote de dois milhões de francos. Tiveram quatro filhos.

Reinado
Contrastando com o período conturbado da Regência, seu reinado foi de paz interna, uma vez encerrada:
  • a Guerra dos Farrapos, que se iniciara em 1835,
  • vencidas as Revoluções Liberal de 1842, em São Paulo e Minas Gerais,
  • Praiana, em 1848, em Pernambuco.
Durante seu reinado:
  • foi aberta a primeira estrada de rodagem, a União e Indústria;
  • correu a primeira locomotiva a vapor;
  • foi instalado o cabo submarino;
  • inaugurado o telefone e instituído o selo postal.
Foi colocado no trono aos 15 anos – um jovem louro, alto e de olhos azuis.

Educação no seu governo
Dada a pequena estrutura educacional herdada da época em que seu avô, D. João VI, esteve no Brasil, Dom Pedro II criou e reformulou escolas e faculdades. Fundou em 21 de Outubro de 1838 o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, inspirado no Institut Historique de Paris. O monarca nutria um profundo interesse pelas questões diretamente relacionadas ao desenvolvimento da Educação, especialmente a educação pública. Na última Fala do Trono, de 3 de maio de 1889 retomou a questão sob o viés institucional, propondo a criação do Ministério da Instrução e reforçando a diretriz constitucional (1824) da criação do Sistema Nacional de Instrução.

[...] era D. Pedro quem, em carta a José Bonifácio, o Moço, orgulhava-se de dizer: "Eu só governo duas coisas no Brasil: a minha casa e o Colégio Pedro II."
[...] esse colégio, o único que de certa forma, escapava ao ensino excessivamente livresco, anticientífico e pouco abrangente da época. Com efeito, apesar de obrigatória, a instrução primária era insuficiente: as escolas, poucas, estavam quase todas centralizadas na corte. O monarca parecia, porém, desconhecer essa realidade e concentrar-se, sobretudo, no "seu colégio", como costumava dizer, onde assistia a provas, selecionava professores e conferia médias. Em seu diário escreveria D. Pedro II: "Se não fosse imperador do Brasil quisera ser mestre-escola", uma opção que condizia, ao menos, com a representação que mais e mais se divulgava.

Mesmo no exílio, Pedro II continuou a contribuir para a cultura nacional através da doação de sua coleção particular de documentos e peças de arte. O esforço educacional, embora prejudicado pelas inúmeras deficiências trouxe resultados. Em 1869, havia 3516 escolas primárias no Império, frequentada por 115735 crianças. A quantia era ainda pequena, considerando-se que naquela ocasião existiam 1.902.424 crianças livres em idade escolar, mas de qualquer modo as necessidades nacionais iam sendo suprimidas, formando-se paulatinamente uma camada de profissionais liberais e funcionários. É equivocado dizer que o Brasil naquela época não havia universidades, não havia sim a amplitude de oportunidades para o seu ingresso. Mas pode-se dizer que, pela ação de Dom João VI, fora criada a Faculdade de Medicina da Bahia, em 1792, em 1827 logo após a independência, deu-se a criação da Faculdade de Direito de Olinda e de São Paulo. Igualmente pode-se dizer que, até mesmo antes da chegada de seu avô Dom João VI, sua bisavó, Dona Maria I, ordenou a criação e instalação, na cidade do Rio de Janeiro, da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho [o atual Insituto Militar de Engenharia (IME)], sendo esta a primeira escola de engenharia das Américas e a terceira do mundo.

Proclamação da República
Apesar de gozar de boa imagem entre a população, Pedro II foi deposto (mas de forma pacífica e sem nenhuma espécie de participação popular) no dia 15 de Novembro de 1889, através de um golpe militar do qual fez parte o Marechal Deodoro da Fonseca, que seria mais tarde o primeiro presidente republicano brasileiro. Deixou o Brasil sem ressentimento, embora triste. Ao ser deposto e banido do País, formulou «ardentes votos por sua grandeza e prosperidade».

No exílio
O ex-imperador e sua família foram exilados e mudaram-se inicialmente para Portugal (onde assistiram às exéquias do rei Luís I, falecido em 19 de Outubro de 1889, à cerimônia de aclamação de seu filho e herdeiro Carlos I, bem como à de batismo do infante D. Manuel, Duque de Beja e filho segundo do monarca português, nascido exatamente no dia da sua deposição, e do qual viria a ser padrinho de baptizado) e a seguir para França. A partir de 1890 até a sua morte, o imperador deposto viveu nas cidades de Nice e Paris. Em Nice, viveu em uma casa alugada por sua filha até que esta se estabelecesse em uma propriedade de seu marido. Foi também em Nice que Pedro II recebeu a notícia da morte da Condessa de Barral. Em Paris, o imperador passou a residir em um hotel de média categoria, e passava os dias estudando ou freqüentando os institutos culturais e científicos da capital francesa. Foi retornando em um carro aberto de uma sessão do Institut de France, em novembro de 1891, que a pneumonia que o levaria à morte o apanhou.

Morte
Pedro II morreu em Paris no dia 5 de Dezembro de 1891 no Hotel Bedford. A causa da morte foi uma pneumonia, seguida da infecção de uma ferida no pé. A França Republicana lhe deu funerais régios, mesmo ante os protestos do governo brasileiro. Recebeu um funeral com honras por ser herói da nação francesa condecorado com a Grão Cruz da Legião de Honra. Relatos da época asseguram que a procissão fúnebre do imperador só foi menor que as dedicadas ao escritor Victor Hugo e ao ex-imperador francês Napoleão Bonaparte. De Paris, o ataúde com o corpo de Pedro II seguiu de trem para Portugal. Lá, com a presença da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira, foi depositado no Panteão dos Bragança no Convento de São Vicente de Fora em Lisboa, ao lado da Imperatriz. Revogada a Lei do Banimento, em 3 de setembro de 1920, seus restos mortais e os de sua esposa foram trasladados de Portugal para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 8 de janeiro de 1921, a bordo do Encouraçado São Paulo da Marinha do Brasil, após 17 dias de viagem. Acompanharam os restos mortais, o Conde D'Eu — seu genro — marido da Princesa Isabel, D. Pedro de Orleans e Bragança — neto de D. Pedro II e o Barão de Muritiba. Os restos mortais dos ex-imperadores permaneceram no Rio de Janeiro até dezembro de 1925, quando foram novamente trasladados para a Catedral de Petrópolis, cuja construção teve início sob seu patrocínio. Em 1939, em solenidade que contou com a presença de autoridades e do presidente da época, Getúlio Vargas, o imperador e a imperatriz foram sepultados na Catedral de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, em um mausoléu construído para a ocasião.





Descendência
De sua mulher – D. Teresa de Bourbon, princesa das Duas Sicílias (1822-1889):
  1. D. Afonso Pedro de Bragança e Bourbon, príncipe imperial do Brasil (1845-1847).
  2. D. Isabel Leopoldina de Bragança e Bourbon, princesa do Brasil (1846-1850), princesa imperial do Brasil (1850-1921), casou-se com Gastão de Orléans, conde d'Eu.
  3. D. Leopoldina Teresa de Bragança e Bourbon, princesa do Brasil (1847-1871), casou-se com o príncipe Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota.
  4. D. Pedro Afonso de Bragança e Bourbon, príncipe imperial do Brasil (1848-1850).

Títulos
1825-1831: Sua Alteza Imperial O Príncipe Imperial do Brasil Dom Pedro de Alcântara
1831-1889: Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
1889-1891: Passou a assinar sempre como "Dom Pedro de Alcântara".

Origem: Wikipédia

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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