Nero Cláudio César Augusto Germânico ou Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus (15 de Dezembro 37— 9 de Junho 68) foi o quinto Imperador Romano, entre 54 e 68.
Nasceu em Âncio com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, o pai Gneu Domício Enobarbo e da família imperial Júlio-Claudiana através da mãe Agripina, "a Jovem" filha de Germânico e neta de César Augusto. Nero ficou para a história como um imperador tirano e extravagante. No entanto, este retrato é questionado. Não sobreviveram descrições históricas feitas por contemporâneos seus. As histórias do reinado de Nero são de gerações posteriores, e basedas por vezes em documentos contraditórios ou tendenciosos - condenando ou louvando entusiasticamente o imperador. As fontes que existem hoje - na maioria de Tácito, Suetônio e Cássio Dio - condenam Nero. Algumas, no entanto, retratam-no como um imperador competente, popular entre o povo romano. Para a cultura popular, ficou sempre a imagem de um imperador que tocava violino enquanto Roma ardia.
A ascensão política de Nero começou quando Agripina incentivou o marido, o imperador Cláudio, a adotar seu filho e o colocar como seu sucessor. Além de tramar o casamento de Nero com Otávia, filha do imperador com Messalina. Quando Cláudio, sogro e padrasto de Nero, morreu no ano de 54, provavelmente envenenado por Agripina, Nero, de 17 anos, foi proclamado imperador sem oposição. Segundo a historiografia tradicional, no início foi um bom governante, sob orientação da mãe, do seu preceptor, o filósofo Sêneca e do prefeito pretoriano Burrus. Quando começou a sofrer influência do prefeito Ofônio Tigelino, a sua conduta degenerou-se.
– Reinado
Nero dedicou muito da sua atenção à diplomacia, ao comércio e ao incremento da vida cultural da capital do império. Fez construir teatros e promoveu provas atléticas. O seu reinado incluiu: - a assinatura da paz com o império Parta (58-63)
- a supressão da revolta britânica (60-61)
- a melhoria das relações com a Grécia
- a primeira guerra romano-judaica (66-70) começou durante o seu reinado
As fontes históricas disponíveis traçam um retrato negativo do imperador. A paranóia que marcara já a personalidade dos seus antecessores: Tibério e Calígula, teria instalado em Nero. Desencadeou uma série de assassinatos:
- Britânico (em 55),
- da sua mãe Agripina (em 59, após várias tentativas),
- da sua 1ª esposa Otávia e
- da 2ª esposa Popeia, que estava grávida
Afastou-se de Sêneca e foi acusado de ter provocado, em 64, o grande incêndio de Roma, que destruiu dois terços da cidade, na esperança de reconstruí-la com esplendor. A pretexto do desastre, Nero iniciou a primeira e intensa perseguição aos cristãos, que acusou de terem provocado a catástrofe. Embora se acreditasse que Nero foi o responsável, os estudiosos atuais duvidam da veracidade da acusação. Para
Massimo Fini, as calúnias contra Nero foram inventadas por
Tácito,
Suetônio e alguns historiadores cristãos. O fato é que os cristãos, não sem razão, atribuem-lhe a figura de protótipo do anticristo, pois foi no seu reinado que sofreram a sua primeira grande perseguição e São Pedro e São Paulo, foram martirizados:
- São Pedro – crucificado no muro central do Circo de Nero; e
- São Paulo – por ser cidadão Romano, decapitado.
Utilizou os fundos públicos para a construção de um grandioso palácio chamado Casa Dourada. Nero considerava-se um artista e desejava ser tratado como tal. Ficaram famosas as suas festas e banquetes em que obrigava não somente a corte como também o povo a ouvir os seus poemas e cantigas. É também conhecida a sua entrega à libertinagem. Dentro do grupo dos seus libertinos amigos de então, contava-se Marco Sálvio Otho, futuro imperador. Nero favoreceu cultos orientais estranhos à tradição romana e recorreu fartamente aos processos por traição para confiscar bens dos ricos e nobres como forma de compensar o tesouro pelos seus excessos. A sua crueldade e irresponsabilidade provocaram o descontentamento no meio militar, a oposição da aristocracia e o início da disseminação de revoltas em 65. A sua resposta foi violenta e deu origem a nova onda de assassinatos e execuções da qual foram vítimas, entre outros, Sêneca e o poeta Lucano.
– Fim do reinadoEm 68, a sua situação como imperador era insustentável. Sérvio Sulpício Galba, o governador da província romana da Hispania, decidiu tomar a iniciativa e marchou contra Roma, à frente de um enorme exército. O Senado seguiu o rumo dos acontecimentos e declarou Nero
nefas e
persona non grata, um inimigo público, e reconheceu Galba como novo imperador. Sem apoio, Nero foi obrigado a fugir. Perseguido pela guarda pretoriana, acabou por se suicidar. Os seus funerais foram feitos pela ex-escrava Claudia Acte, a única pessoa que lhe permanecera fiel.

Nero foi o último imperador da Dinastia Julio-Claudiana. A sua morte seguiu um período de paz, mas por pouco tempo. Em 69 Roma foi dominada pela guerra civil e o período ficou conhecido como 'o ano dos quatro imperadores'. A paz e estabilidade política chegariam apenas com Vespasiano e com a Dinastia Flaviana.
– Descendência
De Otávia – que mandou executar em 62 e com quem não teve filhos;
De Popeia – com quem casou imediatamente, teve uma filha, Cláudia, que morreu logo após o nascimento, em 63, terminando a dinastia Julio-Claudiana.
Origem: saber.sapo.pt
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