segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A história de Portugal

Território situado no extremo sudoeste da Europa, com uma área de cerca de 90 000 km2 e uma fachada atlântica de cerca de 840 km, Portugal tem, pelas sua posição geográfica, acentuada ainda pelas características geomorfológicas do seu território, uma posição excêntrica relativamente à Europa. A posição atlântica de Portugal, prolongada, desde o início do século XV, pelos dois arquipélagos descobertos e povoados por portugueses, o dos Açores e o da Madeira, foi a chave da sua história e da sua identidade nacional.


O Atlântico selou o destino histórico de Portugal: encravado entre um poderoso vizinho e o mar, os portugueses souberam tirar partido da sua situação estratégica, quer construindo no mar um poderio militar, quer aliando-se à potência naval dominante (aliança inglesa), assegurando a sua sobrevivência face às pretensões hegemônicas das potências europeias.

A leitura da História de Portugal em termos de um ciclo de apogeu e queda, de potência mundial à irrelevância geopolítica, é uma leitura marcadamente oitocentista, e que deve situar-se no contexto da reflexão política de finais do século XIX. A ideia de que certos fatores como:
  • união dinástica com a Espanha, em que Portugal perdeu a sua dinastia e por isso a sua independência política (dinastia filipina: 1580-1640),
  • terramoto de 1755,
  • invasões francesas (Guerras Napoleônicas),
  • independência do Brasil em 1822,

determinaram a "decadência" de Portugal. A Revolução Republicana de 1910 iria dar uma feição modernizadora a Portugal, dando porém origem a um regime parlamentar instável, marcado por frequentes revoltas militares e pela trágica intervenção no teatro da Primeira Guerra Mundial. A ditadura do Estado Novo, instaurada na sequência da Revolução militar de 1926 (Salazarismo), marcou o Século XX português pela sua excepcional duração (48 anos). Em 25 de abril de 1974 eclodiu um golpe militar organizado pelo Movimento das Forças Armadas: «Revolução dos Cravos» maioritariamente constituído por capitães do exército ("Capitães de Abril") que derrubou a ditatura. Portugal entrou, após um conturbado período revolucionário, no caminho da Democracia Parlamentar, ao mesmo tempo que procedia à descolonização de todas as suas colônias.

Antes de Portugal
A região que corresponde atualmente a Portugal começou a ser habitada há cerca de quinhentos mil anos, primeiro pelos Neandertais e, mais tarde, pelo Homem moderno. Entre 20 000 aC e 10 000 aC, a Península Ibérica começou a ser colonizada por grupos humanos Cro-Magnon e, milênios mais tarde, passou a abrigar outros povos, autóctones e sem parentesco aparente com quaisquer outros povos conhecidos. Entre eles, estavam os iberos, na costa mediterrânica de Espanha, os tartessos, no extremo sul de Portugal (regiões do Algarve e Alentejo) e os aquitanos e vascones (prováveis antepassados dos atuais bascos), na região dos Pireneus. A hipótese de todos serem de origem berbere, do norte da África, hoje é amplamente desacreditada, embora o parentesco entre iberos e bascos ainda continue a ser investigado. Porém, segue-se a crença de que todos eram povos distintos etnicamente entre si.

No século VII aC, a região passou a ser habitada por povos indo-europeus, sendo estas tribos proto-célticas e celtas. As tribos iberas e algumas vagas celtas misturaram-se, dando origem aos celtiberos, em partes da Espanha. Outras populações proto-célticas e celtas acomodaram-se em território português, como os lusitanos, os vetões (ou Vettones) e os galaicos (ou Gallaeci), entre outras. Influências menores foram os gregos e os fenícios-cartagineses.

– Romanização
No século III aC os romanos penetraram na Península Ibérica no contexto da Segunda Guerra Púnica que mantiveram contra Cartago. Foram anexadas duas regiões da Península Ibérica por Roma como províncias das Hispâni. Entre 209 e 169 aC, o exército romano levou para Roma cerca de 4 toneladas de ouro e 800 toneladas de prata que obtiveram como espólio de guerra retirado dos tesouros das tribos nativas. A exploração mineira, como a das Três Minas, das maiores do mundo romano, que terá iniciado no tempo de Augusto (27 aC- 14 dC), ou das minas do campo de Jales ou da Gralheira era um dos principais fatores econômicos para o interesse romano na região.

A conquista total da península pelos Romanos só ocorreu no tempo do imperador Augusto.
Viriato, o líder lusitano, conseguiu conter a expansão romana durante alguns anos, fazendo com que fosse dos últimos territórios a resistir à ocupação romana da Península Ibérica. Erigindo-se em chefe dos Lusitanos após escapar a uma matança perpetrada à traição pelo romano Galba, uniu à sua volta um número crescente de tribos e travou uma guerra incansável contra os invasores.

Os Romanos deixaram um importante legado cultural naquilo que é hoje Portugal, nos costumes, na arte, na arquitetura, na rede viária e nas pontes, algumas das quais servem até aos nossos dias, como a de Trajano sobre o rio Tâmega em Chaves (Aquae Flaviae) ou a de Vila Formosa (Alter do Chão), mas pouco terão contribuido para a composição étnica portuguesa atual. Uma variante do Latim (Latim Vulgar) passou a ser o idioma dominante da região. Surgiram novas cidades e desenvolveram-se outras, segundo o modelo habitual de colonização romana. No fim do século I aC o imperador Augusto criou a província da Lusitânia, que correspondia a grande parte do atual território português. Em finais do século III o imperador Diocleciano subdividiu a Tarraconense em outras províncias, entre as quais se achava a Callaecia, que integrava o norte do atual Portugal, a Galiza e as Astúrias. Durante o Império Romano o Cristianismo difundiu-se em toda a Hispânia, pelo menos a partir do século III.

Invasões bárbaras
Em 409, os chamados povos bárbaros, compostos principalmente por Suevos, Vândalos e Visigodos, todos de origem germânica, além dos Alanos, de origem persa, fixam-se na Hispânia. Em 411 estes povos dividem entre si o território:
  • os Vândalos Asdingos ocuparam a Galécia,
  • os Suevos, a região a norte do Douro, enquanto
  • os Alanos ocuparam as províncias da Lusitânia e a Cartaginense, e
  • os Vândalos Silingos, a Bética.
Algum tempo depois, ocorre a entrada dos Visigodos na península a serviço do Império Romano e com o objetivo de subjugar os anteriores invasores.

Os povos bárbaros eram numericamente inferiores à população hispano-romana, pelo que foram obrigados à miscigenação étnica e cultural com esta. Muitas cidades foram destruídas durante este período e verificou-se uma ruralização da vida econômica.

Ocupação muçulmana
Em 711 a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos do Norte de África (basicamente Berberes com alguma componente de Árabes). Estes dominaram partes da península por mais de cinco séculos: inicialmente sobre o controlo do Califado de Damasco, como uma província do império omíada, o Al-Andalus, mais tarde sob a forma de um emirado e califado e, devido ao colapso deste, em pequenos reinos (taifas) com autonomias características. Durante estes séculos, nas Astúrias, a única região que resistiu à invasão árabe, desenvolvia-se um movimento de reconquista da Península, culminando no fim do poder político islâmico nesta com a tomada de Granada pelos Reis Católicos (1492). A esta altura, já o reino de Portugal estava formado, soberano e completo e, talvez por isso, o país explorava o além-mar, em parte sob o pretexto do espírito das Cruzadas, para difundir o Cristianismo. Os muçulmanos que não foram expulsos ou mortos durante o processo de reconquista, tiveram de aderir aos costumes locais (incluindo o Cristianismo).

O nascimento de Portugal
Se rápida foi a invasão árabe, a reconquista cristã foi francamente mais lenta. Este processo gradual originou o nascimento de pequenos reinos que iam sendo alargados à medida que a Reconquista era bem sucedida. Primeiro, o Reino das Astúrias, que viria a dividir-se entre os filhos de Afonso III das Astúrias quando morreu. Assim nasciam os reinos de Leão e, mais tarde, de Navarra e Aragão e Castela.

Mais tarde Afonso VI de Leão e Castela (autodenominado Imperador de toda a Espanha), entregou, por mérito, ao seu genro D. Henrique de Borgonha, o governo dos territórios meridionais, o Condado Portucalense, grosso modo entre os rios Minho e Douro e o Condado de Coimbra, entre os rios Douro e Mondego. Destes condados, que faziam ainda parte do reino de Leão, mas que dele tinha grande independência, nasceria o reino de Portugal.

D. Henrique governou no sentido de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou uma terra portucalense muito mais livre do que aquela que recebera. Por morte de D. Henrique (1112), sucede-lhe a viúva deste, D. Teresa, no governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques. O pensamento de D. Teresa foi idêntico ao do seu marido: fortalecer a vida portucalense, conseguir a independência para o condado. D. Teresa começou (1121) a intitular-se «Rainha», mas os muitos conflitos diplomáticos e a influência que concedeu a alguns nobres galegos (principalmente a Fernão Peres) na gerência dos negócios públicos prejudicou o seu esforço. Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis – tornando-se assim guerreiro independente, e passando a viver em Coimbra a partir de 1130. A posição de favoritismo em relação aos nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D. Afonso Henriques.

A luta entre Afonso Henriques e sua mãe desenrola-se, até que em 1128 se trava a Batalha de São Mamede (Guimarães) e D. Teresa é expulsa da terra que dirigira durante quinze anos. Uma vez vencida, D. Afonso Henriques toma conta do condado, declarando-o principado independente.

Continuou, no entanto, a lutar contra as forças de Afonso VII de Leão e Castela (inconformado com a perda das terras portuguesas), enquanto paralelamente travava lutas contra os muçulmanos. Em 1139, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, tendo declarado a independência com o apoio dos chefes portugueses, que o aclamaram como soberano.

  • Nascia, pois, em 1139, o Reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o Rei Afonso I de Portugal (D. Afonso Henriques), e a cidade de Coimbra como a primeira capital.

Só em 1143 é reconhecida independência de Portugal pelo rei de Castela, no Tratado de Zamora, assinando-se a paz definitiva. D. Afonso Henriques dirigiu-se ao papa Inocêncio II e declarou Portugal tributário da Santa Sé, tendo reclamado para a nova monarquia a proteção pontifícia. Durante o período que se segue, as atenções seguiam, sempre que possível, em assegurar essa soberania (que ficou dificultada durante a crise dinástica de 1383) e prolongar o território para Sul.

Os descobrimentos
A partir da conquista de Ceuta em 1415 iniciaram-se várias campanhas além-mar, na conquista de praças em África, como Ceuta e Tânger. Vendo a riqueza com que se vivia na região, os portugueses empenharam-se em descobrir mais e mais território. O pretexto inicial da conversão cristã começava a revelar-se agora um verdadeiro espírito aventureiro, o gosto por descobrir. Portugal inicia uma longa caminhada pela costa Africana, redescobrindo Madeira, Açores e descobrindo São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e a Guiné até que D. João II, baseado em boatos que procurou esclarecer, inicia um projeto que iria lançar Portugal entre as potências mundiais: uma rota comercial marítima para a Índia. O projeto passa a empreendimento, e eis que Vasco da Gama, já no tempo de D. Manuel I, vê a luz ao Oceano Índico e espalha a presença portuguesa pela costa oriental africana, até à Índia. Entretanto tomava-se conhecimento, através de Cristóvão Colombo, de novo território a Oeste, as mais tarde chamadas Índias Ocidentais, as Américas, portanto. E seria a curiosidade de Pedro Álvares Cabral que traria, para o novo Império Português, o Brasil.

Com todas as suas colônias estabelecidas, Portugal tornou-se rapidamente um importante explorador comercial, tornando a Península Ibérica a maior potência mundial da altura.

O império português
Foi o primeiro e o mais duradouro dos Impérios coloniais (1415-1999) da Era dos Descobrimentos. Após a descoberta da costa Africana, enquanto se avançava por terra para o centro do continente, exploravam-se outras alternativas rumo às especiarias. A intensidade desta procura, por várias nações, iria permiti-las estabelecer vastas colônias em todo o mundo, e Portugal foi uma dessas nações. Em 1571 uma cadeia de entrepostos ligava Lisboa a Nagasaki, cidade fundada no Japão pelos portugueses: o império tornara-se verdadeiramente global, trazendo no processo enormes riquezas para Portugal. Desde a América do Sul à Ásia, Portugal espalhava a língua e os costumes, trazendo para o país grandes riquezas, muitas vezes em prejuízo das colônias.

Dinastia Filipina
Em 1580, com a morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, Portugal enfrenta uma crise dinástica cuja análise se mostrou complexa. Apesar dos esforços de D. António, o Prior do Crato, o trono caiu nas mãos dos reis de Espanha, sob a forma de monarquia dual - dois reinos, um rei.

Durante a Dinastia Filipina o império português sofreu grandes reveses ao ser envolvido nos conflitos de Espanha com a Inglaterra, a França e a Holanda. Os confrontos foram iniciados a pretexto da Guerra dos Oitenta Anos. Entre 1595 e 1663 foi travada a Guerra Luso-Holandesa com as Companhias Holandesas das Índias Ocidentais, que tentavam tomar as redes de comércio portuguesas de especiarias asiáticas, escravos da áfrica ocidental e açúcar do Brasil. Portugal foi envolvido no conflito por estar unificado sob a coroa dos Habsburgos, mas os confrontos perduraram vinte anos após a Restauração da Independência em 1640.

Face ao ocorrido, e à instabilidade social provocada pela quebra de promessas pelos reis castelhanos, Portugal vive um período de guerra interna pela restauração da Independência, até conseguir a Paz que elevaria D. João IV ao trono português.

Após 1640 (fim da dinastia filipina), a Coroa Portuguesa criou o Conselho Ultramarino, encarregado de uma nova política colonial, com o objetivo de superar a situação econômica enfrentada pela Metrópole. Neste contexto, o Brasil, como a maior e a mais rica das colônias, foi alvo de um arrocho econômico e administrativo, e ao mesmo tempo, estimulou-se a busca pelo ouro e pedras preciosas.

Era pombalina e iluminismo
No princípio do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal assume o cargo de primeiro-ministro, e torna-se responsável por reformas em várias áreas. Introduziu em Portugal a doutrina do "direito divino dos reis", revelando-se um déspota esclarecido ao serviço de um apagado rei absoluto, D. José I. Os jesuítas, defensores do pacto de sujeição do rei à República, foram naturalmente expulsos. Foi muito contestado pela sua crueldade e rigidez. A reconstrução da baixa de Lisboa, após o Terramoto de 1755, expressa os conceitos urbanos e estéticos do Iluminismo. Relativamente ao Brasil, o Marquês considerava-o uma colônia estritamente dependente de Lisboa e ao serviço do enriquecimento do Reino de Portugal; o povo brasileiro sentiu-se desprezado, o que gerou a instabilidade local suficiente para que a colônia se revoltasse e se viesse a tornar independente.

Invasões francesas
Napoleão Bonaparte orienta a sua política para a Espanha, formalmente um país aliado, mas cuja dinastia Napoleão, à semelhança do que fizera noutros Estados, pretende substituir pela dinastia Bonaparte. É neste contexto que se deve situar a invasão de Portugal, aliado da Inglaterra e, portanto, não aderente ao sistema do Bloqueio Continental decretado em 1806 (Decreto de Berlim). Para conseguir os seus intentos, Napoleão celebra com a Espanha o Tratado de Fontainebleau (27 de outubro de 1807), no qual previa a divisão de Portugal em três reinos sob a influência da França. Ao mesmo tempo, Napoleão planejava já apoderar-se do Brasil e das colônias espanholas. O plano é executado logo no Outono de 1807, com a invasão de Portugal por um exército comandado pelo general Junot. Todos os planos de Napoleão fracassaram. A família Real Portuguesa, toda a Corte e o Governo, num total de cerca de 15 mil pessoas, partiram para o Brasil, de onde foi prosseguida, com inegável êxito, a política internacional portuguesa. Com a rebelião popular espanhola, as tropas espanholas abandonam Portugal, deixando margem para a revolta do Porto (7 de Junho de 1808) e para a constituição da Junta Provisional, ao mesmo tempo que, em todo o território português alastra um movimento de resistência popular. O desembarque de uma força expedicionária britânica comandada por Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington, perto da Figueira da Foz (1 de agosto) deitará por terra os planos de ocupação e dissolução de Portugal. Derrotado em Roliça e Vimeiro (21 de agosto), Junot não tem outra alternativa senão assinar um armistício, que, sob protesto português, lhe permitirá abandonar Portugal em navios britânicos, com as suas tropas e o seu saque. Estava concluído o domínio de Napoleão Bonaparte sobre Portugal, ao mesmo tempo que a guerra alastrava a toda a Península, acabando por comprometer toda a política imperial da França.

Revolução Liberal de 1820
Nos inícios do século XIX Portugal vivia uma crise motivada pela partida da família real para o Brasil, pelas consequências destrutivas das Invasões Napoleônicas, pelo domínio dos ingleses sobre Portugal e pela abertura dos portos do Brasil ao comércio mundial, o que tinha provocado a ruína de muitos comerciantes portugueses. Ao mesmo tempo, a ideologia liberal implantava-se em pequenos grupos da burguesia.

Os deputados eleitos, oriundos de todo o território controlado por Portugal (Brasil, Madeira, Açores, dependências da África e Ásia) formaram as Cortes Constituintes. O rei D. João VI foi intimado pelas Cortes a regressar a Portugal. Antes de voltar nomeia o seu filho, o príncipe D. Pedro, regente do reino do Brasil, o que desagradou às Cortes Constituintes que entendiam que a soberania só poderia residir em Portugal continental. As cortes ordenaram também que D. Pedro deixasse o Brasil para se educar na Europa. Estas atitudes geraram o descontentamento dos 65 deputados brasileiros nas Cortes Constituintes, que deixam o país em direção ao Brasil. No dia 7 de Setembro de 1822 o princípe D. Pedro recebe mais uma mensagem das Cortes, que rasga diante dos seus companheiros, exclamando: "Independência ou morte!". Este ato, conhecido como o grito de Ipiranga, marcaria a data da independência do Brasil.

No mesmo ano as Cortes aprovaram a Constituição. Inspirada na Constituição francesa de 1791 e na Constituição de Cádis de 1812 , consagra a divisão tripartida dos poderes (legislativo, executivo e judicial), limitava o papel do rei a uma mera função simbólica, colocando o poder no governo e num parlamento unicamaral eleito por sufrágio direto. Isso mostrava a forte influencia iluminista na época.

Guerras liberais
Com a morte de D. João VI, levantava-se um problema de sucessão. Após D. Pedro IV ter sido forçado a abdicar do trono de Portugal em favor do trono do Brasil, D. Maria II subia ao trono por legitimidade. Entretanto, D. Miguel, que já se revoltara pelo menos duas vezes e estava exilado, foi nomeado regente do Reino, e o casamento com D. Maria seria arranjado. Na tentativa de impor o seu regime absolutista, depôs o regime monárquico-constitucional de D. Maria dando início a seis anos de conflitos armados com intervenções da política internacional. Para resolver a situação, D. Pedro abdica do trono para o seu filho Pedro II do Brasil, e impõe-se, pela força. As derrotas sucessivas de D. Miguel iriam forçá-lo a desistir da luta no compromisso de Évora-Monte, e permitir a restauração da Carta Constitucional de 1826 e do trono de D. Maria II.

Primeira República
O Republicanismo acentuou-se de tal forma na primeira década do século XX que em 1 de fevereiro de 1908 se dá o regicídio. Quando regressavam de Vila Viçosa, o Rei D. Carlos e o seu filho mais velho, o príncipe herdeiro D. Luis Filipe, foram assassinados no Terreiro do Paço (Praça do Comércio), em Lisboa. Acontece em 3 de outubro de 1910 uma revolta que provocaria a deposição de D. Manuel II e a criação da República Portuguesa. Constituía-se o primeiro Governo Provisório, encabeçado por Teófilo Braga, naquele que ficou conhecido como o primeiro momento do período das Três Repúblicas.

A ditadura e o Estado Novo
Por volta de 1928 tornara-se premente a situação financeira do Estado português. Nesse ano foi chamado ao governo um professor de Finanças da Universidade de Coimbra, Antônio de Oliveira Salazar, que teria os destinos de Portugal nas suas mãos durante as próximas quatro décadas.

O seu pensamento político rejeitava o comunismo, mas também as tradições do liberalismo político e econômico. Profundamente conservador e nacionalista, alimentava uma nostalgia pelo meio rural, considerado ideal.

Em 1932 Salazar passa a acumular o cargo de ministro das Finanças, com o de presidente do Conselho de Ministros para o qual é nomeado. A partir daqui dedica-se a montar as estruturas do novo regime político, caracterizado pela existência de um único partido (a União Nacional), por um sistema econômico regulador da economia (condicionalismo industrial) e pelo antiparlamentarismo.

Em 1933, entrou em vigor a nova Constituição Portuguesa. Na prática, o presidente da República foi uma figura apagada, a Assembleia Nacional foi ocupada por apoiantes do regime e o poder concentrou-se na figura de Salazar.

Os antigos partidos políticos portugueses desaparecem, com exceção do Partido Comunista Português (fundado em 1921), cujos dirigentes foram duramente perseguidos pela polícia política. A censura, restabelecida em 1926, foi consolidada e todas as greves proibidas. Em 1936 o regime cria a Mocidade Portuguesa, cujo propósito era incutir à juventude do país as ideias do regime.

Durante a Segunda Guerra Mundial Portugal manteve-se neutro no conflito. Em 1949 Portugal ingressa na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) e em 1955 na Organização das Nações Unidas.

Revolução dos Cravos
Numa conspiração militar, o Exército Português consegue ser bem sucedido num golpe de estado que, por não ser violento, se tratou de designar historiograficamente de Revolução dos Cravos e que ocorreu no dia 25 de abril de 1974. Os dirigentes do movimento (os "Capitães de Abril"), assumiram como prioridades o fim da polícia política, o restabelecimento da liberdade de expressão e pensamento, o reconhecimento dos partidos políticos existentes ou a criar e a negociação com os movimentos de independência das colônias.

O poder seria assumido pela Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, órgão que seria substituído pelo Conselho da Revolução (1975-1982). Antônio de Spínola foi designado Presidente da República, tendo entrado em funcionamento o primeiro de uma série de governos provisórios, presidido por Palma Carlos.

No dia 25 de abril de 1975, passado justamente um ano sobre a revolução, realizaram-se as primeiras eleições democráticas, cujo objetivo era formar uma Assembleia Constituinte que elaborasse uma constituição para o país. Essa constituição seria promulgada no dia 2 de abril de 1976 e é a constituição que rege Portugal até hoje, apesar de ter sido revista em várias ocasiões.

Terceira República
A Terceira República Portuguesa é o período da história de Portugal que corresponde ao atual regime democrático implantado após a Revolução dos Cravos do dia 25 de abril de 1974, que pôs um fim ao regime autoritário do Estado Novo. Foi caracterizado inicialmente por constante instabilidade e possibilidade de guerra civil durante os primeiros anos pós-revolucionários. Foi elaborada uma nova constituição, a censura foi proibida, a liberdade de expressão garantida, os prisioneiros políticos libertos e as maiores instituições do Estado Novo foram extintas. Subsequentemente foi concedida às colônias africanas a independência.

O I Governo Constitucional de Portugal teve o seu início a 23 de setembro de 1976, sob a chefia de Mário Soares. As primeiras eleições democráticas para a presidência da República foram realizadas por sufrágio direto. A 12 de novembro do mesmo ano realizaram-se as primeiras eleições autárquicas. Passam a funcionar todas as instituições democráticas. Portugal entra para o Conselho da Europa, iniciando o processo de abertura do país que levou à adesão de Portugal à CEE (atual União Europeia) em 1986.

Em 1999, Portugal aderiu à Zona Euro, e ainda nesse ano, entregou a soberania de Macau à República Popular da China. Desde a sua adesão à União Europeia, o país presidiu o Conselho Europeu por três vezes, a última das quais em 2007, recebendo a cerimônia de assinatura do Tratado de Lisboa.






Fonte: Wikipédia

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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