terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Diamante Sancy


Talvez tenha vindo da Índia, é um puro diamante branco e transparente, peso estimado no século XV de 106 quilates, propriedade do rei indiano, encontrado perto de Golconda, mas sua lapidação é desconhecida, chegou a europa no final do século XIV, o maior diamante branco da cristandade por bem mais que 200 anos. A palavra diamante, do grego adamas, significa invencível.




O primeiro proprietário europeu, Gean Galeazzo di Visconti, duque de Milão. O segundo foi como dote de casamento para Luis de Orleans (irmão do rei francês Carlos VI), em 1387, casado com Valentina di Visconti, filha de Gean Galeazzo di Visconti. Felipe de Borgonha tio de Luis Valois de Orleans, muito poderoso, casado com Margarida de Flandres, foi um dos regentes do rei francês CarlosVI. João "sem medo" filho de Felipe mandou assassinar o primo, Duque de Orleans, que entrou em combate com o filho do duque, Carlos. João venceu, e ficou com o diamante. Logo após passando para o lado dos reis ingleses, foi assassinado, quando os Valois voltaram ao poder na França. O diamante passou para as mãos de Felipe (filho de João), que também se aliou aos reis da Inglaterra, e o Sancy mudou de mãos novamente indo para Carlos (filho de Felipe), inimigo de Luis XI da França. Carlos travou uma batalha com os suíços, perdeu a vida e seus tesouros, e o diamante Sancy ficou sumido por 14 anos.

Em 1491 aparece vendido para a família Hertenstein, intermediários. Foi divido e vendido em dois pedaços:
  1. Grand Sancy – com 54 quilates, foi vendido a D. Manuel rei de Portugal(**), ficando mais de 70 anos na Casa dos Avis, que terminou com D. Antônio, sobrinho do rei D. Manuel; que vendeu para restaurar o reinado de Portugal, então em mãos espanholas.
  2. Beau Sancy – com 36 quilates, aparece por volta de 1585 com o rei francês Henrique III, em uma foto, emprestado de Harlay (novo dono), sendo dono já em 1560 dos dois pedaços do Sancy, vendido a Maria de Medici(*).

(*)Nicolas Harlay de Sancy, senhor de Sancy, futuro ministro das Finanças do rei francês Henrique IV, vende Beau Sancy: menos conhecido do que o diamante Sancy, ou Grande Sancy, que se encontra no Museu do Louvre, o Belo Sancy – também chamado de Pequeno Sancy –  é uma gema excepcional, por sua história, o diamante apareceu em registros, pela primeira vez, em 1595, em 1604 ele é finalmente comprado pela rainha Maria de Medici, nova esposa do rei francês Henrique VI, por uma soma de 25.000 escudos de ouro, apesar de ter sido estimado pelo dobro deste valor. A rainha o porta na sua coroa. Em 1642, após a morte de Maria de Medici, suas jóias são postas à venda e o Belo Sancy é comprado por Frederico-Henrique de Orange Nassau, príncipe holandês. Em 1702, a gema passa, por herança, a Frederico II de Hohenzollern, primeiro rei da Prússia. O diamante, qualificado de "belo" em razão da perfeição de sua lapidação, faz parte até hoje da família Hohenzollern , na Alemanha. 

O Grand Sancy foi vendido para Jaime I rei da Inglaterra, 1604. Quando Jaime morreu, o Sancy foi colocado na coroa da esposa – Henriqueta Maria Bourbon, filha de Maria de Medici – do novo rei da Inglaterra Carlos I (filho de Jaime I). O Grand Sancy foi penhorado na Holanda, quando a Inglaterra passou por apuros financeiros. Mas Carlos resgatou todas as jóias inglesas em 1636, mas devido uma revolta em Londres, Henriqueta teve que fugir, levando para Holanda o Grand Sancy, e o Espelho de Portugal. Em 1642 Henriqueta novamente usou os diamantes como garantia para emprestar dinheiro em Amsterdã, para ajudar Carlos I, na Inglaterra. Mas de nada adiantou, Carlos I foi decapitado em 1649, seus quatro filhos ficaram presos em Londres. O Príncipe de Gales (futuro Carlos II), conseguiu fugir para a França, onde ela já lá estava. A Inglaterra mergulhou em 11 anos de parlamento sob o ditatorial Cromwell. O diamante foi perseguido por décadas por Elizabeth I rainha da Inglaterra.

O Cardeal Mazarin, ministro de confiança de Luis XIV da França, colecionador de artes e jóias do mundo todo, queria o Grand Sancy de Henriqueta, mas ela preferiu vender a outro, que era só um atravessador, e o Grand Sancy foi para as mãos do Cardeal Mazarin em 1657. Carlos II voltou para Inglaterra como rei em 1660. Mazarin morreu em 1661, e deixou 18 diamantes, os maiores e mais belos da europa, para a coroa da França e foram chamados 'os 18 mazarins', o primeiro era o Grand Sancy, o terceiro era o Espelho de Portugal.

Em 1690-1700 apareceu um novo diamante, que superou o Sancy. Pesava 410 quilates em estado bruto, depois de lapidado em Londres tinha 140,64 – considerado o mais perfeitamente lapidado de todos os diamantes históricos, sendo agora o maior diamante branco da cristandade: o diamante Pitt, nome de seu proprietário Thomas Pitt (1653-1726). Foi vendido ao regente de Luis XV (Felipe Orleans), em 17112, mudando de "Pitt" par a "Regente".

Com a Revolução Francesa, o povo sem controle, invadiu o Louvre, onde as jóias da coroa estavam guardadas. Mas entre 8 e 15 de setembro de 1792, muitas jóias foram resgatadas, mas o Grand Sancy, o Regente, o Azul francês, não foram encontrados.
  • o Regente foi recuperado em dezembro de 1793  
  • o Grand Sancy em 1794. 
Foram postos em exposição até 1796.

O Espelho de Portugal foi vendido ao sultão da Sublime Porta em 1795. O Regente enviado ao Barão Von Treskon, que tinha fornecido cavalos, armas, como penhor. O banqueiro Vanlenberghen quitou a dívida com o Barão e ficou com o Regente. O Grand Sancy foi dado como garantia na compra de cavalos espanhóis para o Marquês de Iranda, 1796, cavalos esses que foram colocados em batalha por Napoleão Bonaparte, que em 9 de novembro de 1799 pôs fim a Revolução Francesa com um golpe de Estado. Napoleão quitou a dívida com Vanlenberghen e resgatou o Regente. Quis resgatar o Grand Sancy mas estava com Maria Luiza da Espanha. Antes da invasão de Napoleão , Maria Luiza tinha dado o diamante a seu amante Godoy protegê-lo. Não se sabe como o Grand Sancy foi parar nas mãos de José Bonaparte, depois que assumiu o reino da Espanha. O Grand Sancy passou para as mãos de Nikolai Demidoff em janeiro de 1828, este que foi vizinho de José Bonifácio em Florença, que após sua morte doou a coroa russa, pois era um espião rico do czar. Em 1836, aparece como dote no casamento de Paulo filho do czar, para sua esposa finlandesa, que vende ao joalheiro Garrard & Co. que vende em 1865 para Sir Jamsetjee Jejeebhoy de Bombay, assim após séculos, o Grand Sancy volta a seu país de origem. Em 1906 por motivos ignorados vende o diamante para Willian Waldorf Astor bisneto de John Jacob Astor, o primeiro milionário dos EUA. No casamento de seu filho presenteou sua nora Nancy Astor, que foi política famosa. Viveram na Inglaterra e depois de sua morte em 1964 deu o Grand Sancy para seu filho de 15 anos, Willian, que se tornou o 4º visconde Astor, família que vivia como reis na Inglaterra, ou em férias nos EUA. 




Em 1967 o visconde Astor emprestou o Grand Sancy para uma amostra no Louvre, com tanto sucesso, que foi comprado pelo museu e hoje é apresentado do lado do Regente e do Hortensia, perto de uma réplica da coroa de Luis XV, com cópias do Sancy e do Regente.





(**) Em 1495 o diamante foi adquirido por D. Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, o soberano mais rico da Europa do seu tempo e vértice da modernidade e dos novos mundos. E em Portugal o diamante permaneceu durante o resto da dinastia de Aviz. Num retrato datado de 1553, D. Joana de Habsburgo, irmã de Filipe II de Espanha, mãe de D. Sebastião, ostenta no toucado a cruz das princesas de Portugal e um pendente central onde a pedra do meio poderá ser, o diamante de Sancy. Passado um quarto de século, a 4 de Agosto de 1578, dá-se a catástrofe da batalha de Alcácer Quibir. Morre D. Sebastião com 24 anos, o Desejado, sem descendência. Sucede-se o governo breve do tio-avô, o cardeal-rei D. Henrique. D. Antônio, prior do Crato - filho bastardo do infante D. Luís, duque de Beja, irmão de D. João III – apoiado pelo povo e por alguma nobreza, foi aclamado rei de Portugal, mas abandona Lisboa a seguir à batalha de Alcântara, em 1580. Vence Filipe II que assim conquistou a coroa de Portugal que durante 60 anos ficará nas mãos dos Habsburgos de Espanha. D. Antônio estabelece governo no exílio, onde empenhou e depois vendeu o diamante a Nicholas de Sancy, embaixador da França na Turquia, no reinado de Henrique III, o último rei da dinastia dos Valois. 
Existe na Torre do Tombo uma carta de Sebastiani Pardin dirigida a D. Antônio, datada de 1588, onde se dá conta dos termos finais da transação de um diamante com as armas do rei de Portugal. Assim, o diamante era um símbolo maior de Portugal e da casa de Aviz – admite-se que constitua o corpo central da jóia com a cruz de Cristo que D. Sebastião transporta: por debaixo da cruz vê-se que está um diamante em forma de pera.


Origem: 'O Diamante Maldito' de Susan Ronald

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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