terça-feira, 26 de maio de 2009

Joana I de Castela – "a louca"



Terceira filha dos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Nasceu a 6 de novembro de 1479 na cidade de Toledo e morreu em 11 de abril de 1555 em Tordesilhas, com 75 anos. Considerada muito bela e inteligente, recebeu uma esmerada educação, própria a uma infanta, baseada na obediência, aprendizagem de governo, requisitos na instrução de um príncipe. Foi uma boa aluna no comportamento religioso, urbanidade, boas maneiras e comportamentos próprios da corte, sem esquecer as artes, como a dança e a música, equitação e o conhecimento das línguas românicas da Península Ibérica, além do francês e do latim.




Casamento
Como era costume na Europa da época, seus pais Isabel e Fernando negociaram os casamentos de todos os seus filhos de modo a assegurar objetivos diplomáticos e estratégicos. Conscientes das aptidões de Joana e do seu possível desempenho em outra corte, bem como da necessidade de reforçar os laços com o Sacro Imperador Romano-Germânico, Maximiliano I da Germânia, ofereceram Joana ao seu filho, Filipe, arquiduque da Áustria, duque da Borgonha, Brabante, Limburgo e Luxemburgo, conde da Flandres, Habsburgo, Hainaut, Holanda, Zelândia, Tirol e Artois, e senhor de Amberes e Malinas entre outras cidades.

Joana despediu-se da mãe e irmãos, e iniciou a viagem para a longínqua e desconhecida terra flamenca, lar do futuro esposo, Flandres. Filipe encontrava-se na Alemanha e não foi receber a sua noiva, devido à oposição dos conselheiros francófilos, que tencionavam convencer Maximiliano da inconveniência de uma aliança com Castela, e das virtudes de uma aliança com a França. O ambiente da corte no qual Joana se encontrou era radicalmente oposto ao que viveu na sua Castela natal. Por um lado, a sóbria, religiosa e familiar corte castelhana contrastava com a festiva, desinibida e individualista corte borgonho-flamenca.

Vida conjugal
Apesar de os futuros esposos não se conhecerem, houve bom entendimento entre eles e conta-se que se apaixonaram à primeira vista. A cerimônia foi realizada em Lille, Flandres, a 21 de Outubro de 1496. O casamento não impediu Filipe de ter aventuras amorosas com outras damas, o que fez nascer em Joana ciúmes patológicos. Falava-se de violentos confrontos do casal e que Joana chegara mesmo a agredir uma dama com um pente, suspeitando ser esta uma das amantes do marido.

  • Em 24 de Novembro de 1498, na cidade de Lovaina, nos arredores de Bruxelas, nascia a primogênita, Leonor, assim batizada em honra de Leonor de Portugal, avó paterna de Filipe, que teria enlouquecido de desgosto pela morte do marido.
  • Joana vigiava constantemente o seu esposo. Apesar do avançado estado de gestação da sua segunda gravidez, da qual nasceria Carlos a 24 de Fevereiro de 1500, assistiu a uma festa no palácio de Gante. No mesmo dia nasceu o seu filho, segundo se diz, nos lavabos do palácio.
  • No ano seguinte, a 18 de Julho de 1501, em Bruxelas, nascia a sua terceira filha, chamada Isabel em honra de Isabel de Portugal, rainha de Castela, sua avó materna.

O Trono
Joana foi elevada ao trono por mortes na família:
– em 1497 morreu seu irmão João, príncipe das Astúrias;
– o filho deste morreu quando nasceu;
– em 1498 morreu sua irmã Isabel de Aragão e Castela, Rainha de Portugal, casada com o rei D. Manuel I de Portugal;
– em 1500 morreu o filho desta, o príncipe Miguel da Paz, Príncipe de Portugal e das Astúrias.

Joana e Filipe se tornaram herdeiros em 1502, e em dezembro, Filipe voltou para as terras de Flandres, o que parece ter agravado o estado mental de Joana. Já demonstrando debilidade mental, foi inicialmente detida pela mãe em Castela. Mas em março de 1504 Joana saiu de Medina del Campo para Flandres.

Sua mãe Isabel morreu em 25 de novembro de 1504. Joana foi proclamada rainha de Castela em 26 de novembro e reconhecida pelas Cortes de Toro em 11 de Janeiro de 1505. O testamento encarregava Fernando II de Aragão da administração e governo do seu reino de Castela; a rainha proibia a concessão de cargos castelhanos a estrangeiros e determinava ainda que, caso Joana manifestasse sintomas de desequilíbrio, o reino devia ser regido por seu pai.

Viúva
Fernando acabou por renunciar ao poder de Castela para evitar um confronto armado. A 27 de junho de 1506, reconhecendo a alienação mental da filha, assinou o Tratado de Villafáfila, renunciando aos seus direitos e retirando-se para Aragão. As Cortes de 9 de Julho proclamaram Joana como rainha de Castela, Filipe como rei consorte e o filho Carlos como herdeiro. Filipe isolou Joana e governou, reorganizando cargos e ofícios, concedendo privilégios aos nobres castelhanos e flamengos, deteria a coroa até 25 de setembro do mesmo ano, quando morreu repentinamente, em circunstâncias suspeitas. A peste açoitava o país. Suspeitou-se de envenenamento. Foi uma febre intensa que o matou. Fernando II de Aragão recuperou o poder.

Conta-se que Joana fez embalsamar o corpo do marido, vestiu o cadáver com grande pompa e o levou consigo, encabeçando o cortejo fúnebre, viajando sempre à noite. Durante oito frios meses por terras castelhanas, a rainha Joana não se separara por um momento do caixão, acompanhada por um grande número de pessoas, entre as quais religiosos, nobres, damas de companhia, soldados e diversos criados. Na cidade de Torquemada, a 14 de janeiro de 1507, dá à luz o sexto filho, póstumo, do seu marido, uma menina batizada com o nome de Catarina. A demência da rainha agravava-se. Não queria trocar de roupa nem lavar-se. Por fim, Fernando II de Aragão, segundo a última vontade de Isabel I de Castela, decidiu encerrá-la, com a pequena Catarina, em Tordesilhas, em fevereiro de 1509. Com a morte de Fernando II, Carlos I de Espanha tomou o poder. Catarina saiu da companhia da mãe para se casar com João III de Portugal, mas Joana viveu lá durante 46 anos, sem sair do seu palácio. A literatura romântica fez dela a figura enlouquecida por ciúmes, herdara da avó a esquizofrenia que recairia em D. Carlos, seu neto.

Sepultada na igreja de Santa Clara, seu corpo foi transladado em 1574 para a Capela Real de Granada, junto ao marido, sendo o Castelo de Tordesilhas, onde morreu, demolido em 1771.

Descendência:
  1. Leonor de Áustria (Brabante Flamengo, 24 de novembro de 1498 - Talavera, 18 de fevereiro de 1558) – terceira esposa de Manuel I de Portugal o Venturoso. Enviuvou em 1521, casando com o rei da França Francisco I de Valois.
  2. Carlos de Gante (23 de fevereiro de 1500 - 1558) – rei Carlos I da Espanha e imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.
  3. Isabel de Habsburgo (Bruxelas, 1501 - Gante, 1525) – casada em 1514 com Cristiano II da Dinamarca.
  4. Fernando I de Habsburgo ou Áustria (1503 - 1564) – imperador do Sacro Império Romano-Germânico, rei da Boémia e da Hungria.
  5. Maria de Habsburgo ou da Hungria (1505-1558) – regente dos Países Baixos, casada em 1522 com Luís II da Hungria e da Boémia. Depois da morte de sua tia Margarida de Áustria em 1530 foi nomeada governadora geral das terras borgonhesas, os futuros Países Baixos.
  6. Catarina de Áustria ou de Habsburgo (Torquemada, 14 de janeiro de 1507 - Lisboa, 12 de fevereiro de 1578) – casou em 1525 com o rei D. João III
Fonte: Wikipédia

Leia Mais…

Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
© 2008 Templates e Acessórios por Elke di Barros