quarta-feira, 28 de abril de 2010

Império Bizantino

O Império Bizantino ou Reinado Bizantino, inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395) como o império e reinado dominante do Mar Mediterrâneo. Sob Justiniano I, considerado o último grande imperador romano, dominava Cartago e áreas do atual Marrocos, sul da península Ibérica, sul da França, sul da Itália, bem como suas ilhas, península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a península da Criméia, no Mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da Idade Média.


O embrião do Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à Ásia. Já havia algum tempo que Roma era preterida por seus imperadores que optavam por outras sedes de governo, em especial cidades mais próximas das fronteiras ou onde a pressão política fosse menor. Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao leste e as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos Estreitos Turcos. A nova capital, batizada de Constantinopla em homenagem ao imperador, unia a organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino. Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra "grego" significava, de maneira injuriosa, "pagão". Os persas e os árabes também chamavam os bizantinos de "romanos". A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo nome da capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla. O termo bizantino começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade. Tradicionalmente, era conhecido apenas como Império Romano do Oriente (devido à divisão do Império feita pelo imperador romano Teodósio I, no século IV da Era Cristã).

O Império Bizantino pode ser definido como um império formado por várias nações da Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de mil anos de história em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação. Nos séculos que seguiram às conquistas árabes e lombardas do século VII, esta natureza inter-cultural (assinalamos: não multinacional) permaneceu ainda nos Bálcãs e Ásia Menor, onde residia uma poderosa e superior população grega.

Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinônimo de helênico. Preferiram chamar a si mesmos, em grego, romioi (quer dizer povo grego cristão com cidadania romana), ao mesmo tempo que desenvolviam uma consciência nacional como residentes de Romania (Romania é como o estado bizantino e seu mundo foram chamados na sua época).

Ainda que os antigos gregos não fossem cristãos, os bizantinos os reclamavam como seus ancestrais. De fato, os bizantinos se referiam a eles mesmos como romioi por ser uma forma de reter tanto sua cidadania romana quanto sua herança ancestral grega. Um substituto comum do termo "heleno" (que tinha conotações pagãs) tanto como o de romioi, foi o termo graekos (grego). Este termo foi usado frequentemente pelos bizantinos (tanto como romioi) para sua auto-identificação étnica. (ao lado bandeira do Imp. Bizantino)

A dissolução do estado bizantino no século XV não desfez imediatamente a sociedade bizantina. Durante a ocupação otomana, os gregos continuaram identificando-se como romanos e helenos, identificação que sobreviveu até princípios do século XX e que ainda persiste na moderna Grécia.


História
– Primeiros séculos
Entre o século III e o século V, o Império Romano viveu uma desastrosa crise nas suas estruturas. A parte ocidental do Império, onde se localizava a capital, Roma, teve que lidar com massivas imigrações de povos do norte e do leste, fenômeno conhecido como invasões bárbaras. Enquanto isso, a parte oriental do Império Romano, que sofria menos com essas invasões, se achava numa situação mais estável, tanto econômica como politicamente. A antiga capital, Roma, estava decadente e a elite senatorial era imprevisível quanto à sua fidelidade. Então não foi nenhuma surpresa quando Constantino ordenou, em 324, a construção de uma nova capital no lado europeu do Bósforo. A cidade foi erguida no local da antiga Bizâncio, colônia fundada por gregos de Mégara em 657 a.C. foi inaugurada com o nome de Constantinopla, em 330, que tinha uma posição privilegiada. Entre os mares de Mármara, Negro e Egeu, constituiu, ao longo de sua história, um verdadeiro entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente.

– Dinastias latinas
Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial.
  • De 395 a 457, estendeu-se a dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio, responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de seis mil libras de ouro.
  • De 457 a 518, estendeu-se a dinastia Leonina que foi deposta em 477 mais somente o imperador Basilisco ou (Bizânico) e foi restaurada em 491 por Anastácio I um de seus herdeiros, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a efeito entre o imperador Zenão I e o rei dos ostrogodos, Teodorico.
  • A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador Justiniano I (527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão típica do império dos Antoninos (96-192). Em 534, sob o comando do general Belisário, o exército de Justiniano conquistou o reino dos Vândalos. Em 554, com a conclusão das Guerras Góticas, na península Itálica, o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos.
– Para a posteridade, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civili, base, ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. O Corpus Juris Civili era dividido em quatro partes:
  1. Código Justiniano - compilação de todas as leis romanas desde Adriano (117-138) ,
  2. Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de jurisprudência de grandes juristas ,
  3. Institutas - espécie de manual que facilitava o uso do Código ou do Digesto , e
  4. Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por Justiniano e seus sucessores.


Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia, com estilo arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino.

No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o patriarca de Alexandria, Dióscoro, desenvolveu o monofisismo, formulação teológica também condenada pela Igreja Católica e muito ligada a ideiais de emancipação política no Egito e na Síria. Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no entanto, pela esposa de Justiniano, a imperatriz Teodora. Buscando manter a unidade do império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de conciliação entre o monofisismo e o nestorianismo. Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após sua morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em 568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravenna, os ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília.

– Apogeu
O império sobreviveu, graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo grego nas batalhas marítimas e a bons imperadores e generais. Entre os séculos VII e IX, desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que condenava o culto das imagens. Com os turcos, os imperadores deste tempo conseguiram manter seus territórios e se defender relativamente bem contra os inimigos.

Em 867, subiu ao trono Basílio I, dando início à Dinastia Macedônica, que levou o império ao auge. Muitas vitórias foram obtidas frente aos turcos, eslavos e búlgaros. Basílio II, que governou de 976 a 1025, completou a expansão do império. Ele prejudicou os grandes proprietários rurais em favor dos camponeses e venceu de uma vez por todas a Bulgária, incorporando-a ao império e recebendo a fama de Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros). Venceu os normandos em Canas e restabeleceu a autoridade imperial na Apúlia.

– Declínio
No século VI, o império perdeu a Itália para os lombardos. No século VII, os árabes conquistaram Jerusalém, Damasco, Alexandria, Cartago. A idade áurea do império parecia ter acabado. Em 1071, o imperador bizantino Romano IV foi vencido e capturado pelos turcos seljúcidas. Com isso o Império perdeu até um terço de sua população e recursos. Por mais que a dinastia subseqüente, tentasse recuperar o Império, ataques do ocidente e do norte e a própria sorte dos imperadores impediram isso. A península Itálica estava definitivamente perdida. O declínio do Império veio acompanhado de uma subserviência comercial aos interesses ora da República de Veneza (com a qual o próprio Basílio II assinou um tratado), ora da República de Gênova, até que finalmente Veneza desviou a Quarta Cruzada para Constantinopla, que caiu frente aos cruzados em 1204.

Três Estados com governantes bizantinos surgiram depois da primeira queda de Constantinopla:
  1. O Império de Nicéia
  2. O Despotado do Épiro
  3. O Império de Trebizonda
Destes, é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por imperadores fortes e bons, se tornou a primeira potência territorial na Ásia Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades na Europa foram recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade, assassinaram o legítimo imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris. Miguel VIII Paleólogo fez uma aliança desnecessária com Gênova e conseguiu reconquistar a antiga capital do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261. Contudo a dinastia dos Paleólogos não conseguiu recuperar a antiga glória imperial. A retirada de tropas da Ásia para a defesa e reconquista da Europa abriu caminho para os vários emirados turcos, inclusive aquele dos Otomanos, se instalarem em antigos territórios do Império de Nicéia. Sem os territórios asiáticos e com a colonização comercial de Veneza e Gênova, o destino do Império estava selado. Especialmente prejudicial era colônia genovesa de Pera, que, instalada de frente a Constantinopla, do outro lado do Chifre de Ouro, dominava o comércio local, importante para os bizantinos.

Apesar de várias tentativas de obter apoio ocidental, culminando com a promessa de união entre a Igreja Católica Romana, com sede em Roma, e a Igreja Católica Ortodoxa, com sede em Constantinopla, no Concílio de Basileia-Ferrara-Florença, poucos foram os resultados. A cruzada pregada pelo papado para o resgate da "Nova Roma" foi vencida pelos otomanos. A viagem do imperador João VIII ao Ocidente não rendeu frutos, apesar dele ter sido muito bem tratado nos reinos ocidentais.


Fim do Império
Os últimos séculos da vida bizantina começaram com um usurpador Aleixo I Comneno, que iniciou o restabelecimento de um exército com base no direito feudal e obteve sucesso significativo contra os turcos seljúcidas. O seu pedido de ajuda ao Ocidente contra o avanço desses últimos resultou na Primeira Cruzada, que o ajudou a reclamar Niceia mas o afastou do apoio imperial. As cruzadas seguintes se tornaram cada vez mais antagônicas. Mesmo que o neto de Aleixo (Manoel I de Bizâncio) fosse amigo dos cruzados, nenhuma das duas partes podia esquecer que a outra a mantinha isolada, e os bizantinos suspeitavam muito das intenções dos cruzados cristãos que atravessavam continuamente seu território. Os alemães do Sacro Império Romano-Germânico e os normandos da Sicília e Itália continuaram a atacar o império no século XI e XII.

Frederico Barbarossa tentou conquistar o império durante a Terceira Cruzada, mas foi a Quarta Cruzada que teve o efeito mais devastador sobre o império. A dinastia dos Paleólogos, consegue reconquistar Constantinopla em 1261 e derrotou o Épiro, mas dando demasiada atenção à Europa, quando as províncias asiáticas eram a principal preocupação. Por algum tempo o império sobreviveu apenas porque os seljúcidas, tártaros e persas eram muito divididos para pdoer atacar, mas por fim os turcos otomanos invadiram todos os trritórios, com exceção de algumas cidades portuárias.

Os otomanos (núcleo de origem do futuro Império Otomano) constituíram um estado independente substituindo o Sultanato Seljúcida de Rum por mérito de Osman I, filho de Ertuğrul, cujo nome, a partir de 1281, servira para indicar a dinastia otomana por ele fundada. O império apelou ao Ocidente em busca de ajuda, porém os diversos estados europeus colocaram como condição a reunificação da Igreja Católica com a Ortodoxa, A unidade da Igreja foi considerada e ocasionalmente imposta legalmente, mas os cristãos ortodoxos não aceitaram o catolicismo romano. Alguns combatentes ocidentais chegarma em ajuda a Bizâncio, mas muitos preferiram deixar o imperador combater e não fizeram nada quando os turcos conquistaram os territórios remanescentes. A salvação momentânea de Constantinopla foi a chegda dos timúridas liderados por Tamerlão, que na batalha de Ancara derrotaram pesadamente os otomanos.

– A queda de Constantinopla
Constantinopla foi em princípio poupada devido às suas potentes defesas, porém com o advento dos canhões os muros, que foram impenetráveis por mil anos, não ofereceram proteção adequada à nova tecnologia. A queda de Constantinopla chegou numa quarta-feira, 29 de maio de 1453 depois de um assédio de dois meses sob Maomé II. Constantino XI Paleólogo, embora fosse aconselhado a fugir para Morea, quis permanecer na cidade fundada por seu homônimo Constantino I e foi visto pela última vez quando entrava em combate contra os janízaros otomanos, que avançavam perigosamente, perdendo além do império a vida em campo de batalha. Maomé II conquistou também Mistra em 1460 e Trebizonda, pondo fim ao estado grego.

– Consequências
A queda de Constantinopla significou a perda de um posto estratégico do cristianismo, que assegurava o acesso de comerciantes europeus em direção às rotas comerciais para a Índia e a China, sobretudo para os comerciantes venezianos e genoveses. Com a dominação turca, a rota entre o Mediterrâneo e o Mar Negro não ficou, bloqueada aos navios cristãos, mas dificultada. Isto impulsionou uma corrida naval em busca de outra rota em direção à Índia através do oceano Atlântico, contornando a África, Espanha e Portugal rapidamente tiraram vantagem da posição geográfica para dominar as novas rotas, causando o declínio das repúblicas marítimas de Veneza e Gênova. No final do século XV, financiado pelos reis de Espanha, Cristóvão Colombo partiu para uma ousada tentativa de alcançar a Ásia em uma nova rota através do oceano, para oeste, descobrindo um novo continente, a América, descortinando um novo mundo para os europeus. Este mesmo processo de fechamento do comércio no mar mediterrâneo, no qual os turcos otomanos impediram o avanço europeu, fez com que toda a região balcânica se tornasse mais dependente da produção própria, juntamente com a península Itálica. As diversas transformações econômicas e políticas que se seguiram à queda do Império Romano do Oriente levaram os historiadores a convencionarem o ano de 1453 como o marco do fim da Idade Média e do fim do feudalismo na Europa, fazendo do Império Bizantino um grande marco para as descobertas de novas terras, e para o desenvolvimento do capitalismo no mundo.


Fonte: Wikipédia

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