quarta-feira, 14 de julho de 2010

O império austro-húngaro



A Áustria-Hungria ou Império Austro-Húngaro foi um vasto e importante Estado europeu, sucessor do Império Habsburgo (Império Austríaco). Resultou de um compromisso entre as nobrezas austríaca e húngara em 1867, e foi dissolvido em 1918, após a derrota na Primeira Guerra Mundial, conforme as exigências do Tratado de Versalhes implementadas pelos tratados de Saint-Germain e Trianon.



História
Na altura da sua dissolução, o Império tinha uma «superfície total» de 677.546 km². Sua «população» antes do início da Primeira Guerra Mundial era estimada em 52,5 milhões de habitantes. O que resta deste antigo Estado encontra-se dividido entre treze países atuais: Áustria, Hungria, República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina e as regiões da Voivodina na Sérvia, Bocas de Kotor no Montenegro, Trentino-Alto Ádige e Trieste na Itália, Transilvânia e parte do Banato na Romênia, Galícia na Polônia e Ruténia (região Subcarpática) na Ucrânia.

Compromisso austro-húngaro
O compromisso austro-húngaro de 1867 inaugurou uma estrutura de poder dualista dentro do extinto Império Austríaco (1804-1867) e se originou numa época em que a Áustria entrava em declínio, ao perder influência na península itálica (como resultado de uma guerra contra a Sardenha-Piemonte em 1859) e nos estados alemães, que se reuniram sob o controle da Prússia na Confederação Germânica, formada logo após a Guerra Austro-Prussiana.

Outro fator crucial para a mudança constitucional foi a ascensão do chamado "movimento das nacionalidades", que havia se instalado por toda a Europa a partir dos ideais espalhados por Napoleão Bonaparte pelo continente durante as Guerras Napoleônicas. Para assegurar que o império não passaria por outra crise como a da década de 1840, o imperador Francisco José negociou um compromisso com a nobreza húngara, no intuito de garantir seu apoio. Os líderes magiares aceitaram a coroação de Francisco José quando conseguiram estabelecer um parlamento separado em Budapeste, com o poder de definir leis para a parte húngara da coroa (as terras de Santo Estêvão) e assim garantir sua proeminência política na região. Com o acordo firmado, também foi definido que o poder central ficaria responsável pela política externa, economia e defesa do novo império.

Com a formação do Império Alemão em 1870, sob o comando da Prússia bismarquiana, e a consolidação do Reino de Itália através da aquisição de Veneza, a política externa do novo império mudou drasticamente. Afastada dos assuntos alemães e da península itálica, a monarquia dual poderia exercer sua potência apenas sobre a complexa região dos Bálcãs, que então sofria um rápido processo de revoltas e independências com a queda do Império Otomano. A potência rival dos interesses austro-húngaros era o Império Russo de Alexandre II.

Conflitos balcânicos
Com a derrocada assustadora do Império Otomano, os Bálcãs tornaram-se uma zona instável e disputada. De um lado havia interesses de duas grandes potências (Áustria-Hungria e Rússia), que podiam entrar em choque com as potências expansionistas regionais (Bulgária e Sérvia). Os conflitos balcânicos foram essenciais para o desenvolvimento da política externa austríaca a partir das décadas de 1870 e de 1880. Anteriormente defendendo a continuidade do domínio otomano sobre a península balcânica, os interesses austro-húngaros voltaram-se contra a Turquia na Questão Oriental, lançando-se contra a Rússia numa concorrência aberta que duraria até a Primeira Guerra Mundial.

Em 1908, a monarquia austro-húngara anexou definitivamente a região da Bósnia-Herzegóvina ao seu território, temendo perdê-la novamente para a Turquia. O interesse maior era mostrar que o país ainda era uma grande potência na região e demonstrar sua clara intenção de refrear o separatismo que se configurava em áreas de seu domínio.

Com as Guerras Balcânicas, a configuração territorial da península se alterou rapidamente em uma pequeno intervalo de tempo, e a geopolítica deste espaço mudou. A queda da Bulgária na Segunda Guerra Balcânica perante seus antigos aliados (Grécia e Sérvia) faria com que o país se aproximasse da Áustria-Hungria tentando apoiá-la numa tentativa de impedir a construção de uma Grande Sérvia (que englobaria também territórios austro-húngaros de população eslava).

Primeira Guerra Mundial
A escalada dos conflitos entre os dois blocos formados pelo sistema de alianças europeu levava a Europa inteira a uma crise sem precedentes. O estopim para o início dos conflitos armados foi o assassinato do herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco Fernando, em Sarajevo, por um nacionalista bósnio-sérvio chamado Gavrilo Princip. A nação austro-húngara enviou um ultimato à Sérvia que não foi respondido à altura pela mesma, e a partir de então o sistema de alianças entrou em funcionamento.

Quando a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, a Rússia interveio e colocou seu apoio à nação eslava. Com o apoio russo de um lado, a Alemanha foi arrastada para o conflito, de acordo com o compromisso firmado pela Tríplice Aliança. A França, aliada à Rússia através da Tríplice Entente, também entrou no conflito contra a Alemanha e o Império Austro-Húngaro. A partir daí, mais nações se colocaram de cada um dos lados, e o mundo entrou em guerra.

Em maio de 1915, a Itália juntou-se aos aliados e atacou a Áustria-Hungria, traindo o acordo firmado na Tríplice Aliança, tendo como base o fato de que o acordo era defensivo, e que o ataque inicial havia partido dos Impérios Centrais. A sangrenta, mas indecisiva, batalha nos Alpes duraria pelos próximos três anos e meio, e nesta frente a Áustria-Hungria provaria ser efetiva no campo de batalha, conseguindo manter o exército italiano (superior em quantidade) longe de seu território. No verão, o exército austro-húngaro, trabalhando sob o comando unificado de um general alemão, participou da bem-sucedida Ofensiva Gorlice-Tarnow, e mais tarde, em conjunto com os exércitos da Bulgária e Alemanha, a Áustria-Hungria conseguiria conquistar a Sérvia.

Em 1916, os russos focaram seus ataques no exército austro-húngaro com a Ofensiva Brusilov, ao reconhecer a inferioridade numérica das forças adversárias. Os exércitos da monarquia dual sofreriam perdas massivas (de 1 milhão de homens) e nunca conseguiriam se recuperar completamente. Apesar disso, os problemas gerados na Rússia fariam com que o país entrasse em colapso e contribuiriam para a Revolução Russa de 1917 e para a saída deste da guerra no mesmo ano.

Dissolução do império
Quando ficou claro que os Aliados venceriam as Potências Centrais na guerra, vários movimentos nacionalistas que antes clamavam por um grau maior de autonomia passaram a exigir a independência completa. Como um dos seus Catorze Pontos, o presidente Woodrow Wilson assegurava o apoio a estes movimentos. Em resposta, o imperador Carlos I concordou em criar uma confederação entre várias nacionalidades, na qual cada uma exerceria seu governo.

Em 14 de outubro de 1918, o Ministro das Relações Exteriores, o Barão István Burián von Rajecz, pediu um armistício também baseado nos Catorze Pontos. Em uma tentativa de demonstrar boa fé, o imperador proclamou dois dias depois que a Áustria se tornaria uma união federal de quatro componentes - alemães, tchecos, eslavos do sul e ucranianos. Aos polacos era garantida a independência completa, com o propósito de liberar estes territórios a se unir a um novo país que se formava ao norte, a Polônia.

A resposta de Lansing foi o certificado de morte para a Áustria-Hungria. Conselhos nacionais nas províncias imperais passaram a funcionar e começavam a agir como países independentes. Com uma derrota iminente se aproximando, os grupos étnicos separatistas anunciaram a independência - Tchecoslováquia em 28 de outubro, e o reino dos sérvios, croatas e eslovenos no dia seguinte. O estado foi completamente dissolvido em 31 de outubro, quando o governo húngaro finalizou a união com a Áustria, dissolvendo assim a monarquia dual.

Enfrentando uma situação de desespero, o último Habsburgo a reinar na Áustria, Carlos I, abriu mão de todos os seus poderes sobre a Cisleitânia em 11 de novembro, e fez o mesmo com a Transleitânia em 13 de novembro. Ele não abdicou, caso o povo ou o novo estado que se formaria o chamassem de volta para o estabelecimento de uma nova monarquia constitucional. Na Hungria e também na Áustria, duas repúblicas separadas foram proclamadas em novembro, e Carlos I foi buscar exílio no exterior (transferindo-se com sua família para a Ilha da Madeira), vendo que não teria mais chances de ascender novamente ao poder. Os vencedores assinaram o Tratado de Saint-Germain-en-Laye com a Primeira República Austríaca e o Tratado de Trianon com a Hungria, regulando as novas fronteiras entre os dois países.

O chefe de Estado era o Imperador, da família dos Habsburgo, que era por sua vez chefe dos dois estados em simultâneo, como Imperador da Áustria e Rei da Hungria. Nos 51 anos que durou a monarquia imperial dual austro-húngara houve dois soberanos:
  1. Francisco José I de Habsburgo (1867 a 1916).
  2. Carlos I de Habsburgo (1916 a 1918).



Fonte: Wikipédia

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